Vozes da História
Textos de - ou sobre - figuras exemplares que, através de ações e reflexões, deixaram como herança importantes contribuições para uma aproximação profunda entre humanidades e ciência e para o necessário processo de humanização do mundo - e das relações médicas especificamente.
Ameyo Adadevoh: a corajosa médica que identificou o primeiro caso de Ebola na Nigéria
Além de enfrentar a fúria do paciente, Adadevoh desenvolveu a primeira unidade de isolamento do país Não foi uma luta fácil para os profissionais da saúde durante a epidemia do Ebola em países africanos, especialmente na Nigéria. O início do surto no país passou diretamente pelas mãos da médica Ameyo Stella Adadevoh, que se entregou de corpo e alma...
Saúde é o que interessa
Faz dois anos que o prestigioso Instituto Sabin de Vacinas, fundado após a morte do célebre cientista, está sob o comando do brasileiro Ciro de Quadros. A gestão do médico gaúcho tem sido marcada por iniciativas que buscam levar às populações mais pobres os benefícios da ciência. De seu escritório, em Washington, nos Estados Unidos, ele conversou por telefone com...
“Vamos erradicar a pólio do mundo em dois anos”
Um herói da saúde global. Foi assim que o júri da Fundação BBVA Fronteiras do Conhecimento – entidade que estimula pesquisas em saúde, meio ambiente e economia – classificou na semana passada o epidemiologista brasileiro Ciro de Quadros, 72 anos, a quem concedeu um prêmio na categoria Desenvolvimento. Gaúcho de Rio Pardo, ele criou estratégias que levaram à erradicação do...
Discurso de Recepção – Afrânio Peixoto
Afrânio Peixoto* DONS DE SENSIBILIDADE E DE CARÁTER Quis a Academia Brasileira fazer esta justiça desde já. Por isso, tão solícita, vos acolheu. Sucedeis a um poeta: até nisso ela marcou o propósito de firmar que se abrem aqui sucessões à inteligência e não à herança de colaterais ou de descendentes, na semelhança do espírito, como na ordem civil. Aliás,...
Meu Pai – Carlos Chagas Filho
Carlos Chagas Filho* Conversando, há dias, com um amigo, disse-me ele que distinguia, no seu relacionamento com seu pai, três fases distintas: a primeira, a da admiração sem limites; a segunda, a de contestação, quase sempre injusta, e a terceira, a de uma compreensão que reviveu a afeição inicial. Provavelmente, os psicólogos de hoje, tão bem afeitos à interpretação dos...
Discurso proferido pela Dra. Zilda Arns Neumann na Visita ao Haiti
Agradeço o honroso convite que me foi feito. Quero manifestar minha grande alegria por estar aqui com todos vocês em Porto Príncipe, Haiti, para participar da assembleia de religiosos. Como irmã de dois franciscanos e de três irmãs da Congregação das Irmãs Escolares de Nossa Senhora, estou muito feliz entre todos vocês. Dou graças a Deus por este momento....
Palestra proferida pelo Prêmio Nobel da Paz 2018 – Denis Mukwege
Palestra proferida pelo Prêmio Nobel da Paz 2018 Denis Mukwege, Oslo, 10 de dezembro de 2018. Na noite trágica de 6 de outubro de 1996, rebeldes atacaram nosso hospital em Lemera, na República Democrática do Congo (RDC). Mais de trinta pessoas foram mortas. Os pacientes foram abatidos à queima-roupa em seus leitos. Incapazes de fugir, os funcionários foram...
A medicina como profissão, arte e ciência
// Cyro Martins** Ainda me lembro do manual de Roger – Introduction à l'étude de la médecine – com o qual travei conhecimento no terceiro ano da faculdade, em 1930. O mestre francês abre seu livro com a definição clássica: a medicina é uma ciência e uma arte. A ciência estuda as doenças. A arte se ocupa da manutenção e...
Um tal doutor João
//Eugênio Marcos Andrade Goulart* João Guimarães Rosa abandonou a medicina após breves anos de profissão, mas ela jamais se separou dele. Ficou entremeada em seus textos, sempre correndo em sua veia artística. Desde suas primeiras experiências com contos e estrofes, até nos seus últimos escritos, pouco antes de morrer prematuramente, aos 59 anos, com muita constância o médico Rosa sobreviveu...
Literatura e medicina: o território partilhado
Moacyr Scliar* Numa conferência na Universidade de Cambridge, em 1959, Charles Peirce Snow lançou um conceito que, não sendo de todo original, teria, contudo, vasta repercussão. Trata-se do “conceito das duas culturas”, que pode ser assim sumarizado: entre a cultura científica e a cultura literária existe um “abismo de mútua incompreensão”: os cientistas não se interessam por literatura, os literatos não entendem princípios científicos básicos...