“Um Diário do Ano da Peste”, de Daniel Defoe
Daniel Defoe escreveu uma reportagem sobre a epidemia de peste bubônica que dizimou 70.000 vidas em Londres, no ano de 1665. Misturando reportagem e ficção, se esmera em registrar os fatos sem deixar de lado a técnica do escritor, criando personagens, tratando literariamente as cenas, cedendo ao ritmo indispensável de diálogos que recompõem um clima novelesco irresistível. Este livro tem sido modelo, há quase trezentos anos, de um rigor descritivo que não abre mão do olhar apaixonado do repórter. Repórter (nada menos do que o autor de “Robinson Crusoé”) que não trai a verdade, porém, para melhor recuperá-la, utiliza-se da beleza da forma, acrescentando no texto o que os dados não oferecem.