Com o coração exposto


O coração que o médico – pintado por Simonet como se descrito por um cronista do século XIX – analisa é o coração da anônima encontrada boiando nas águas do Tíber – o rio fundador da Cidade Eterna –, coração sem história, sem memória de seus sustos felizes e dos sofrimentos que não se evidenciam em cicatrizes, sem memória do fluir incessante do qual foi recolhido, sem memória do próprio fluir, coração sem vida.

Enrique Simonet, Y tenía corazón!, 1890, Museo de Málaga, Málaga

 

//Péricles Brandão

Esse coração já não se lembra de como, sendo únicos, somos um só com o cosmos. Ele já não bate ritmado em dois tempos. Na língua de Hipócrates de Cós, havia dois tempos: chronos e kairós, um é marcha que cansa, tardança do Ser, outro é a restauradora dança do ser, bem-aventurança; um é demora dia após dia, outro, amor em demasia; um é duração contada tediosamente pelos calendários, outro é eternidade alegremente cantada pelos anjos; um, opaco, enrijece, desgasta, faz decair o corpo, envelhece, mata, outro, transparente, fortalece, transfigura, faz levitar a alma, rejuvenesce, ressuscita. O ritmo em dois tempos é sinal de vida em plenitude, de saúde, é como uma música, algo distinto da marcação mecânica dos minutos, do tique-taque de maquinismo de relógio.

 

A syndrome e a symphonia

René Descartes, para quem o organismo era matematicamente previsível como uma engrenagem de peças interligadas com precisão, entusiasmou-se com a ideia do coração como uma bomba hidráulica. Mas o coração saudável de Hipócrates era sede da simpatia universal, mais até que órgão essencial para o equilíbrio de humores e paixões, era vastidão aberta ao confluir de todas as coisas e seres, ao seu conspirar, ao seu respirar no mesmo ritmo, era vigoroso con-sentimento à Totalidade em que o Grande Princípio se estende até a parte mais remota e a parte mais remota alcança o Grande Princípio.

Sim, está mudo, perdido o médico entre as luzes e as sombras da Obra de Arte porque, para compreender o coração, é preciso auscultá-lo: pesquisar as possíveis arritmias, os ruídos, as falhas. Mas, se há sintomas, é preciso pesquisar também a história de como se fez tumultuoso o con-curso harmonioso de energias e forças e sons, de como resultou em syndrome a symphonia. Sem escuta profunda dos timbres, das pausas, dos acordes da synphonia no coração, não há autenticação do que podemos chamar de uma anamnese essencial. Sem anamnese essencial, não pode haver empatia, com-paixão, da qual é apenas um arremedo a piedade, não pode haver bem dizer, um ethos do bendizer, ciência do devenir, do vir-a-ser, da qual é apenas um arremedo a deontologia, a ciência do dever, do dever-ser, derivada de uma moralis romana.

A certeza da existência para Descartes advinha da razão e seu poder de definir em termos matemáticos – como se não fosse real o que não pode ser medido, pesado, quantificado – a vida e tudo que guarda de harmonia e desarmonia. Mas foi justo o inventor da máquina calculadora – essa forma de inteligência artificial, de inteligência sem alma –, Blaise Pascal, quem se rendeu: só o coração é capaz de infinir, de ir além da proposição que carece de prova, só o coração é capaz de conhecer a vida e suas imensidões – porque tem razões que a razão unidimensional desconhece. Só o coração é capaz de connaissance, de co-nascimento. Disjunção, redução, abstração: eis os sintomas antropossociais da syndrome que dentro e fora das academias afastou o coração do homem da symphonia.

No coração de Pascal, a ressoar em dois tempos a melodia da vida, o espírito de geometria e o espírito de sutileza evitam que a consonância seja uma forma de ofuscamento do ser, que a dissonância seja uma forma de escuridão do eu. Foi o espírito de geometria, divorciado do espírito de sutileza, que conduziu ao obscurantismo iluminista de Descartes e à encruzilhada do mundo atual, que Edgar Morin chama de Idade Média planetária. O sujeito pensante, o ego cogintans, separado fantasiosamente do objeto de estudo, a res extensa, fragmentou, em suas aná-lisys, o conhecimento e afastou as ciências naturais das ciências do homem, das tradições místicas, das artes, das humanidades. O humano foi reduzido ao biológico, o biológico foi reduzido ao químico, o químico foi reduzido ao físico. Num incontrolável processo de especialização, o infinitamente pequeno – recortado da unidade que compõe – e o infinitamente grande – esvaziado da diversidade de que se constitui – foram reduzidos a abstrações. Abstrações tornaram-se a natureza e o homem, manipulados pela tecnologia e pelo mercado. Tornaram-se ficções os ideais que jorravam do coração de Hipócrates, do inconsciente hipocrático perdido: a saúde como equilíbrio entre homem e natureza, entre corpo e mente, o poder curador da teia de inter-retro-relacionamentos.

O homem – perdido de seu ethos, de sua morada interior – parece tentar encontrar seu caminho por uma Terra civilizadamente demarcada pela geometria das fronteiras, mas irremediavelmente fria, sob um Céu côncavo, oco, sem revelações. Para alguns especialistas, a palavra cuidado derivaria de uma simples corruptela de cogitare-cogitatus. Mas, num mundo em que o homem era centelha do abraço repleto de calor do luminoso Coelum (céu) na úmida Tellus (terra), a palavra cura, cuidado, podia derivar da expressão cor uere, que quer dizer “arder o coração”. O cuidado – do sujeito diante do sujeito – ilumina a presença da vida porque con-sente que cada ser se apresente como é, uma radiância do Mistério, uma singular maneira de contar a história do universo, o itinerário através do qual a poeira de estrelas se fez húmus e pólen até lentamente a fala humana poder re-citar o Grande Poema. “Luz, mais luz”, foi o que falou Johann Wolfgang von Goethe quando sentiu fugir a vida. Poeta e cientista pós-iluminista, precursor da visão sistêmica, complexa, transdisciplinar, Goethe, que ria de seu coração, mas fazia sempre o que ele queria, resumiu seu método científico num pequeno poema: sendo finito, para me encontrar no infinito, primeiro distingo, depois junto.

 

Rompendo o chão das hard sciences

Poiesis, palavra de inesgotáveis significados do idioma de Hipócrates de Cós, é a inspiração essencial do cuidado, é a vida em seu múltiplo e incessante brotar na direção do mais complexo. Se o que Teilhard de Chardin chamou de cosmogênese foi uma longa preparação para a biogênese – a emergência da vida –, é uma emergência em duplo sentido a noosfera: há uma necessidade urgente de uma consciência mais elevada – da vida em seu valor absoluto – como condição para evitar sua extinção. Foi o médico latino-americano Humberto Maturana um dos responsáveis pelo abalo provocado na epistemologia moderna, levando o conceito da autopoiese para além dos limites da biologia. As verdades que espalha têm consistência científica e densidade poética: traz significativamente a mesma raiz de poiesis a palavra autopoiese, que fundamenta teoricamente o poder de autocriação e auto-organização do homem e de todos os seres vivos. Mas ensinar/aprender, ele adverte, não é transmitir/adquirir pacotes de informação, é transformar-se em coexistência com o outro. Connaissance, co-nascimento, é fruto do fluxo do viver, em que tudo, por fora e por dentro, é processo e relação, é resultado de uma história em cuja presença os viventes e o meio interagindo mudam congruentemente. Trata-se de um saber comovido com o espetáculo da vida, que não se estrutura através da competição, mas da legitimação do outro como sujeito, através do amor, única emoção capaz de alargar a visão da realidade. No belo poema que Maturana escreveu, o discípulo re-clama ao mestre uma verdade que não negue a poiesis, a verdade de uma presença inocente ao seu lado, de modo que possa viver livremente e ser em sua diferença a fonte das próprias descobertas.

Em rigor, o próprio chão duro das ciências naturais racha por toda parte e deixa paradoxalmente rebentar poiesis. O biólogo Gregory Bateson, o poeta dos metadiálogos e da Grande Mente, fala de um padrão oculto na natureza que permite à prímula dialogar metaforicamente com a orquídea, ao caranguejo dialogar com a lagosta, à tundra dialogar com o cavalo, ao homem dialogar com todos, ao homem dialogar com o homem, com suas partes e com seu todo. Para o químico Ilya Prigogine, o poeta da termodinâmica, o melhor símbolo do universo não é o pêndulo, mas a obra de arte: por toda parte há flutuações, possibilidades e bifurcações, passagens inesperadas, habitamos um cosmos cuja única certeza é a de que ininterruptamente nasce do caos. O astrofísico Hubert Reeves, o poeta do espaço, lembra-nos de que, mesmo sem estarmos no centro do universo, mas na periferia de uma entre milhões de outras galáxias, podemos, como artesãos do oitavo dia, acrescentar beleza a um mundo que é uma obra de arte inacabada. Para o físico teórico Basarab Nicolescu, poeta das partículas elementares, o homem não é um acidente na história do universo, mas sua esperança de sentido pelo dom de contemplar-se no olhar do outro: o homem do futuro, para ele, será o homem poético – cujo coração perceberá ser sede da autoconsciência que liga as galáxias, a dimensão quântica, as estrelas, os planetas, os átomos, as moléculas, as células, os organismos vivos –, capaz de, por uma insurreição poética, reencantar o mundo.

O coração do cientista, o coração de cada homem, será como o coração de um poeta. O coração do tamanho de um punho fechado notará com uma naturalidade contente, assim como no peito de Fernando Pessoa, que, embora pequenina sob um Céu indizivelmente grande, a Terra é larga o bastante – para depois sentir que sua anatomia ficou louca como a do coração de Maiakovski e confunde-se com a imprecisão de contornos do próprio ser. Mas, ao tomar a estrada aberta, será sempre leve e saudável como o coração de Whitman e confiante de que pode contribuir na Grande Sinfonia com alguns silêncios e alguns acordes. Se crescer como o coração inconstante de Celan, se crescer como um choupo, se for arrancado do peito e atirado para o alto, não errará ainda assim o alvo. A ferida em que se transformará será como a do coração de Rumi: por ela entrará e sairá a luz.

 

As palavras matinais

Passará pela ferida sagrada, tão naturalmente quanto a luz da intuição no peito de Pascal, a luz inaugural para lavar as palavras matinais da impureza trazida pelos séculos. Aletheia, verdade no grego falado por Hipócrates de Cós, quer dizer não-esquecimento. É, traduzindo em bom latim, recordatio, recordação do essencial, recordação do Ser, rememoração a partir do coração como sede da inteligência, essa capacidade de ler a conexão íntima entre todas as coisas e todos os seres, de ver que a situação mais comum – ou o rosto mais comum – é como o Um. A Physis ama esconder-se, recorda-nos Heráclito de Éfeso. A Physis não é simplesmente o mundo físico objeto do pensamento lógico-dedutivo das ciências naturais. A Physis não é imanência nem transcendência, mas a transparência que possibilita a Poiesis, a vida em seu incessante emergir. Heidegger recordava-se de cada fala de Heráclito, aquecia-lhe bastante o coração traduzir o fragmento número trinta, por exemplo, que traz o mundo representado como um fogo vivo. Mas a vida em seus sentidos infinitos incendeia os próprios dicionários porque é puro chamamento. Não é incêndio que tem foco à mostra como a tocha do vigia adormecido derrubada pelo vento, seu fogo se acha por todo lado a surgir de dentro. Dzoé ou bios, só o coração do homem pela intensidade de seu fervor sabe dizer o que é: cio ou núpcias, se mais ilumina ou cega, se mais aquece ou incinera, se cessa no agora ou se liga para sempre Céu e Terra.

Ali, no continente onde começou a aventura humana, navegava contra a corrente durante a Primeira Grande Guerra, ao cair da noite, o médico das selvas. Albert Schweitzer abandonara anos antes uma bem-sucedida vida na Europa como teólogo, filósofo, escritor, conferencista, músico, reitor, para salvar vidas entre os nativos da África, numa das regiões mais miseráveis do planeta, onde permaneceria por mais de cinquenta anos. Seguia rio acima entre bancos de areia para socorrer uma mulher enferma quando, no meio dos hipopótamos, entre pensamentos que pareciam desconexos, sentiu iluminar-se seu coração, que gritou silenciosamente: – Reverência pela vida! Eis o verdadeiro poder e sentido da existência humana: respeito ao desejo de viver plenamente que há em toda criatura. Num mundo de morticínios justificados por razões de Estado e por interpretações fundamentalistas das Escrituras Sagradas, ele pro-clamava ser intolerável não só destruir, mas também oprimir, degradar qualquer forma de vida, impedir o livre desenvolvimento da vida. Para uma ética fundada na responsabilidade perante todo ser vivente, o bem é conservar a vida, promover e elevar a vida, favorecer o livre desenvolvimento da vida.

O imediatíssimo fato da consciência é a vida como bem absoluto. Para a ética da reverência pela vida, é inconcebível qualquer racionalização, amparada seja em que moral for. A razão que diz “penso, logo existo” não conduz senão a abstrações. O coração do doutor Schweitzer tinha razões para dizer: sou, logo existo, sou vida; vida que em si mesma é afirmação ao lado de outras vidas; vida que quer ser! Se a natureza é afirmação cega da vida, se convivem forças criativas e forças destrutivas, se sucedem-se absurdo e graça, tem razões mais eloquentes o coração humano para reconciliar – em nome do Ser – a vida com a vida. Não se trata de simples “Weltanschauung”, “concepção de mundo”, mas de “Lebensanschauung”, “visão da vida”, que guarda relação com a escuta do chamado além de toda representação de espaço e tempo e paradoxalmente com a escuta, em situações históricas concretas, do chamado de cada criatura.

Talvez pareça distante no espaço e no tempo – e dirigida ao primeiro homem acuado com vergonha da luz do Paraíso –, mas é de uma distância íntima que soa a primeira pergunta de IHVH: – Ayeka? Inútil esconder-se entre as árvores e os pássaros porque em cada criatura repete-se como eco a pro-vocação do princípio: – Onde estás? Ademais, é dirigida a cada um de nós. Muitos profetas, muitos poetas ao longo dos séculos responderam, alguns nos tempos modernos, de Martin Buber contando velhas histórias até Leonard Cohen cantando novas canções: – Hineni! Eu estou aqui! Estou pronto! Mas esta não é resposta retórica, é existencial e quer dizer: – Estou presente de todo o coração, em atenção plena ao chamado do eterno Tu em tudo ao meu redor. Todas as palavras reclamam discernimento e entrega. A expressão lekh lekha, a con-vocação primordial, pode ser entendida simplesmente como “vai-te” e, no entanto, quer dizer “vai na direção de ti mesmo”. Assim também aprenderam Fílon e os terapeutas de Alexandria a ler antigos textos: como quem ouve o que está além do horizonte sem perder de vista o que está dentro e defronte, como quem cuida do que é saúde e dom sem descuidar do que é doente, como quem cuida das singularidades de cada pessoa sem descuidar de seu ser plural, soma, psique, nous, Pneuma. Doença em hebraico é mahala, que quer dizer andar em círculos. Se o olhar grego e a escuta semítica dialogam, se confrontamos textos das duas tradições, podemos dizer assim: – Bem-aventurados os que estão em marcha, os que seguem para longe aproximando-se cada vez mais profundamente de si.

 

A conspiração sutil

O cientificismo – a hipertrofia de uma disciplinaridade que só agora começa afinal a se abrir para a multidisciplinaridade, para a interdisciplinaridade e para a transdisciplinaridade com seus alicerces, os níveis de realidade, a lógica do terceiro incluído e a complexidade – dessacralizou a natureza para que ela fosse estudada, conquistada, controlada, manipulada, comprada e vendida, para gerar lucros. Ao dizer que seus segredos deveriam ser extraídos sob tortura, Francis Bacon expressou no século XVII, de maneira contundente, a crueldade da sociedade tecnocêntrica que perdura até os dias atuais: a agonia terrível das “bruxas” nas fogueiras do obscurantismo religioso daria lugar à agonia da Physis diante da frieza do obscurantismo iluminista. É ainda possível contemplar a Obra de Arte sentindo bater o coração ritmado em dois tempos, nos dois tempos da língua de Hipócrates de Cós? É em rigor inevitável: há razões para crer que só com o coração é possível enxergar o real. As tradições sapienciais e as ciências modernas confirmam as razões. Con-cor-dam que são ilusões a separabilidade e a representação objetiva pura: observador e coisa observada constituem uma realidade indivisível. Con-cor-dam que há uma tensão harmoniosa entre os opostos aparentemente contraditórios: necessidade e acaso, determinismo e liberdade, interdependência e autonomia, inacabamento e beleza. Con-cor-dam que não há objetos isolados, mas eventos que interagem interna e externamente ainda que muito distantes, ainda que em dimensões diferentes. Con-cor-dam que o Todo não é a soma das partes, mas o Aberto, vertiginoso quando o espírito não se permite ter asas.

Um olhar complexo deve ser lançado sobre a Tela. Complexus é o particípio passado de um verbo que quer dizer abraçar. É preciso olhar a Tela sentindo-se abraçado pelo universo, olhar liberto da obsessão da perspectiva geométrica, linear, exata, olhar numa perspectiva que Pável Floriênski chamou de inversa. Cega o ponto de vista confinado cá do lado de fora da Tela, cega o ponto de luz dentro da Tela iluminando de fora a pele, cega o ponto de fuga no horizonte ideal que leva, do lado de lá, para fora da Tela. Quando – pela perspectiva inversa – olhamos do lado de fora e do lado de dentro da Tela, sob todos os ângulos, quando caminhamos menos atentos ao horizonte do que ao passo adiante, então enxergamos sem surpresa que cada ser – como sujeito – irradia a luz do Mistério e a luz de sua própria história. Percebemos então como não cabe nenhum coração – com o que carrega de luz e de sombra – na palma da mão. Com nosso próprio coração batendo em dois tempos, saberemos que cuidar da saúde do coração é sobretudo cuidar para que ele não se torne um objeto, para que não se torne um objeto quem o traz no peito.

Dedicando a totalidade do nosso ser à arte da vida, oferecendo conhecimentos, habilidades, equipamentos, técnicas à busca dessa Obra-prima – a saúde como inteireza –, cuidaremos do Homem – em nós mesmos e nos outros – com uma clara ciência da inexorável necessidade epistemológica – e terapêutica e existencial – que é o reconhecimento de sua natureza antropológica quadridimensional: corpo (soma), alma (psique), espírito (nous), Sopro (Pneuma). Compartilharemos a livre circulação do Sopro e seguiremos a conspirar, pois afinal, como também acreditava Hipócrates de Cós, tudo é um só conspirar!

 

 

Péricles Brandão é membro da Comissão de Humanidades Médicas do Conselho Federal de Medicina. E-mail: peribrandao@uol.com.br.